“Acho que o mundo vai acabar em preto e branco, igual a um filme antigo.(…) Talvez, enquanto haja cores, consigamos sobreviver.”(Neil Gaiman, escritor inglês)
Neste artigo visitaremos a Quebrada de Humahuaca, no noroeste da Argentina, mais uma fase da nossa viagem de carro ao Deserto do Atacama. Além disso, conheceremos a fantástica paleta de cores da Serranía de Hornocal.
Apresentaremos não só informações sobre as condições das estradas, como também dicas de alimentação e hospedagem, além de mapas de acesso às atrações para você utilizar em seu GPS.
Antes de prosseguirmos em nossa jornada, recomendo a leitura prévia do post Atacama de carro: Pegue o trem das nuvens no trecho Salta -Purmamarca com todos os detalhes da nossa chegada até aqui.
Desde 2003, a Quebrada de Humahuaca é considerada Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade, não só pelo impacto de suas montanhas multicoloridas, como também pelos inúmeros sítios arqueológicos que nos remetem ao período pré-colombiano. Toda esta beleza está distribuída por vários povoados, sendo que as principais atrações estão localizadas em Purmamarca, Tilcara, Maimará, Humahuaca e Iruya.
De acordo com o nosso plano de viagem, teríamos somente um dia inteiro para conhecer a região, o que se mostrava insuficiente para conhecer todas as suas atrações. Assim optamos por visitar somente os povoados de Purmamarca, Humahuaca e Iruya, onde se concentram àquelas mais imperdíveis da Quebrada, conforme relatos de outros viajantes.
Assim teremos muito o que contar neste trecho, um dos mais coloridos do passeio.
Que bom que continuamos juntos! Aperte seu cinto e vamos em frente.
I. Como acessar as atrações da Quebrada de Humahuaca?
II. Quais as atrações em Purmamarca?
Purmamarca pode ser considerada como a porta de entrada da Quebrada de Humahuaca, sendo muito procurada não só por turistas da Argentina como também de outros países, com pousadas e hotéis para todos os gostos.
Chegamos à vila na noite anterior vindo de Salta, com pernoite no hotel El Refugio de Coquena, distante 300 m da área central onde se encontra os restaurantes, mercados e a principais atrações do povoado.

A principal atração do povoado e o belo Cerro de los Siete Colores. (morro das 7 cores). Sua exclusiva gama de cores é o resultado do depósito de sedimentos marinhos, lacustres e fluviais que, a partir de movimentos tectônicos ocorridos há 75 milhões de anos atrás, elevaram-se até dar origem ao famoso Cerro.
Purmamarca também apresenta outros morros em seu entorno, de menor beleza mais ainda assim interessantes, que podem ser admirados de vários pontos do povoado. Dessa maneira, caso tenha tempo e disposição física, existe uma trilha circular de 4 km realizada a pé, conhecida como paseo de los colorados.
Uma outra atração é uma feira de artesanato que diariamente expõe na praça principal do vilarejo, várias obras em tecido, pedra e madeira, só para ilustrar. Com certeza é um bom local para compra de presentes ou lembranças da viagem. Além disso, há também uma casa de câmbio que realiza conversões do Real para pesos argentinos ou chilenos, porém a uma cotação não muito favorável. Então só a utilize em caso de extrema necessidade.
Após o passeio em Purmamarca, nos dirigimos a Iruya, no extremo norte da Argentina, nosso próximo destino.
III. Como chegar à Iruya?
Iruya fica distante 142 km de Purmamarca, pelas rodovias RN9 e RP13.
A princípio, a RN9 apresenta um trânsito mais intenso até chegar no povoado de Humahuaca. Depois que passa este trecho, o movimento de carros cai consideravelmente até chegar o entrocamento com a RP13 que leva até Iruya.
Apesar do asfalto se encontrar em boas condições, a RN9 apresenta carências já vistas em outras rodovias argentinas, não só de postos de abastecimento, como também restaurantes (ou lanchonetes) à margem da estrada. Só para exemplificar, o primeiro posto de abastecimento encontra-se em Tilcara, 25 km de Purmamarca, então abasteça aí caso ainda não o tenha feito. Desse modo evite andar com o combustível abaixo da metade do tanque, sob pena de experimentar uma pane seca.
Ainda mais há também na estrada um número razoável de postos policiais, por isso cuidado com a velocidade.

Após 68 km dirigindo na RN9, chegamos ao entrocamento com a RP13, que se encontra bem sinalizado para o acesso a Iruya. Em seguida serão mais 48 km em estrada de terra com muitas curvas, alternando trechos bons e ruins. Além de subidas e descidas íngremes, são poucos os pontos de ultrapassagem. Assim a condução exigirá muita experiência e atenção por parte do motorista.
Em contrapartida, não é obrigatório o uso de um veículo 4X4, mas é recomendável que este tenha uma boa altura do solo.
O trajeto pela RP13 é de extrema beleza com vários pontos para fotos, mas o melhor local é um mirante na estrada, a 4200 m de altitude. Do seu alto, para todos os lados que olhávamos, éramos contemplados com paisagens deslumbrantes das montanhas em volta. A vista da RP13 atravessando as montanhas lembra uma “serpente”.
- Vista mirante RP13
- Vista mirante RP13
- Vista mirante RP13
- Túnel rústico RP13
- Mirante RP13
- Estrada RP13 para Iruya
- Estrada RP13 para Iruya
Surpreendentemente encontramos no mirante uma turma de animados Jeepeiros argentinos que estavam como nós, conhecendo a região. A sintonia foi imediata.
- Encontro Jeepeiros Iruya
- Encontro Jeepeiros Iruya
IV. Quais são as atrações em Iruya?
Iruya é um pequeno povoado situado no extremo norte da Argentina. Suas principais atrações são as vistas cenográficas das montanhas ao redor que podem ser apreciadas nos mirantes do Condor e da Cruz.
A subida ao morro da Cruz é muito inclinada e se inicia a partir da igreja de Iruya. Portanto exige um bom condicionamento físico do turista, sendo desaconselhável para quem tem problemas de locomoção. Entretanto o visual das montanhas vale muito a pena.
Apesar do grande movimento de excursões no povoado, a infraestrutura turística deixa muito a desejar, principalmente no quesito alimentação. Sobretudo na descida do morro da cruz existem algumas opções de restaurantes, porém observamos que, além de cheios e com fila de espera, apresentavam um preço bem salgado para a refeição. Assim almoçamos na confitería tío David, um restaurante muito simples, mas com ótimo atendimento próximo a igreja de Iruya, que servia pratos feitos a um preço justo.
Além disso, há dificuldade para se estacionar e transitar de carro pelas ruas estreitas do povoado, exigindo paciência por parte do motorista.
Apesar de todos os contratempos, visitar Iruya é um passeio obrigatório para quem se encontra na Quebrada de Humahuaca. Inegavelmente, o fascínio provocado pela beleza exuberante das montanhas compensa todo o esforço.
V. Como chegar a Serranía do Hornocal em Humahuaca?
Após o almoço, voltamos a RP13 e depois a RN9 com destino a Humahuaca e sua famosa Serranía do Hornocal, numa distância de 73 km a serem percorridos.
Na chegada a Humahuaca, saímos da RN9 e entramos na cidade para depois pegamos a RP73 que nos levaria até a Serranía do Hornocal, distante 24 km.
Semelhantemente a RP13, a RP73 é uma estrada de terra em boas condições, não só com muitas curvas, como também subidas e descidas íngremes que exigirá muita experiência e atenção por parte do motorista. Em contrapartida não é obrigatório o uso de um veículo 4X4, mas é recomendável que este tenha uma boa altura do solo.
Há um mirante na estrada que vale a pena conhecer. Então pare e aprecie à região.
Na chegada ao Hornocal, é cobrada uma taxa no valor de AR$ 80,00 por pessoa (valores de set/19) para entrada. Após pagamento, seguimos por um acesso asfaltado de 2 km, com muitas depressões na pista, que exigem cuidado na direção.
Ao final deste acesso, vislumbramos o magnífico cerro de los catorce colores, sem dúvida nenhuma o ponto alto das atrações na Quebrada. Parece aquelas pinturas com areia colorida que a gente encontra no nordeste do Brasil, só que ao invés da mão do homem é a mão de Deus que é a responsável por esta arte. A foto infelizmente não mostra todo o impacto das cores, mas serve como um convite para que vocês venham conhecer pessoalmente.
Finalmente existe uma trilha a ser percorrida a pé que te leva mais perto do Hornocal, porém não tivemos tempo de fazê-la, devido à proximidade do entardecer.
VI. Como foi nosso retorno a Purmamarca?
Já era noite quando retornamos a Purmamarca, não apenas exaustos como também cobertos de poeira pela aventura realizada. Foram várias as imagens e emoções que ficarão gravadas para sempre em nossa memória. Infelizmente não tivemos tempo de conhecer outras atrações da Quebrada, como La paleta del pintor em Maimará e o sítio arqueológico Pucará de Tilcara, no povoado de mesmo nome, que ficará para um futuro próximo.
Todavia, atualmente este santuário se encontra ameaçado pela mineração de Lítio. Nesse sentido, esperamos que os governantes argentinos reflitam sobre a continuidade da preservação do local. Não só os nativos como também outros aventureiros como nós tem o direito de viver esta maravilha.
Assim concluímos mais uma etapa da nossa viagem de carro ao Atacama, agora na maravilhosa Quebrada de Humahuaca. Continuamos viagem no próximo post Atacama de carro: Travessia do Paso Jama no trecho Purmamarca – San Pedro Atacama
Neste momento reitero meu convite. Gostaria de acessar meu plano de viagem ao Deserto do Atacama em sua totalidade e gratuitamente? Então faça sua inscrição no BLOG e receba o link para acesso a todo conteúdo. Além disso você encontrará detalhes de todas as fases desta incrível expedição.
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